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25 de agosto de 2012

Planalto da Neve Brasileiro

Os repórteres Ricardo Von Dorff e Kíria Meurer viajaram pelas regiões mais frias para mostrar as belezas e curiosidades do inverno sul-brasileiro.
Num país predominantemente tropical, a imensa maioria dos brasileiros desconhece o quanto o inverno pode ser rigoroso nas regiões mais altas das serras gaúcha e catarinense.
E como ele torna difícil a vida das pessoas. A água congela nos canos e a cama, na hora de dormir, é tão fria como o gelo.


Mas as histórias mais originais e surpreendentes são aquelas contadas por quem vive no enclave do frio mais extremo do país.
Kíria, o repórter cinematográfico Marcos Schmitt e os auxiliares técnicos Cladiomiro Lopes e José Lino e a editora/produtora Margarida Santi foram atrás delas na gaúcha São José dos Ausentes e nas catarinenses São Joaquim e Urupema.
Em São Joaquim, a Kíria virou testemunha de que não é fácil ser criança, morar no campo e ir para a escola no inverno. As mães tem um truque.
Nas manhãs abaixo de zero, os filhos saem de casa enrolados em cobertores e, no caminho de quilômetros a pé até o ponto de ônibus, levam nas mãos garrafinhas plásticas cheias de água quente para espantar o frio.


São histórias incríveis que revelam a valentia e a criatividade dos moradores da serra.
Ninguém mais do que eles sabe o quanto o frio ensina a gemer.
O outro lugar é o Morro da Igreja, entre as cidades de Bom Jardim da Serra e Urubici, também na região serrana de Santa Catarina.
Tem o título de ponto mais gelado do país. Os quase 18 graus negativos registrados no inverno de 1996 justificam a fama.
No topo do morro fica um destacamento da aeronáutica para o controle do espaço aéreo.
Quarenta e dois estoicos militares trabalham nele.
Provei do clima extremo do Morro da Igreja para dizer que a missão deles não é fácil.
Alguns dias são tão frios, mas tão frios, que eles precisam vestir abrigos polares e ficam até parecidos com esquimós.
As roupas e botas foram feitos para suportar temperaturas de até 30 graus abaixo de zero.


O frio incomoda demais, mas o pior adversário dos militares é o vento que chega fácil aos 100 quilômetros por hora e já atingiu inacreditáveis 170.
O subcomandante do destacamento contou que o vento arrancou o teto do ônibus em que ele estava como se abrisse uma lata de sardinha.
Dá para imaginar o susto? Em outra ocasião, um soldado cometeu a imprudência de deixar uma frestinha no casaco.
Uma única rajada, o casaco inflou, virou um paraquedas, e o desavisado soldado foi arremessado a trinta metros de distância.


Nevasca de 1957 em São Joaquim, onde moradores ficaram isolados do mundo por 15 dias

Mas uma vez, em 1957, a nevasca foi tão forte que deixou São Joaquim isolada do mundo por quinze dias. A camada de neve chegou a um metro e meio.
Depois houve outras, mas nada parecido. Estive nas nevascas de 1996 e de 2010. Quarenta centímetros de neve.
Pena que este ano, justamente quando fizemos o Globo Repórter, São Pedro decidiu economizar os flocos.


Por último, mas não menos curioso: sabia que pode nevar mais na região de São Joaquim do que na Sibéria e na Antártica? Eu, não!
Pelo menos até conhecer o autor de um trabalho pioneiro sobre a neve no Brasil Rodolfo de Oliveira Souza, doutor em geografia pela USP, pesquisou a precipitação de neve no sul do país entre as décadas de 60 e 80.
A média, em São Joaquim, foi de 23 centímetros por ano.
A média siberiana ficou em cinco centímetros.
A diferença é que aqui a neve cai e logo derrete.
Lá, ela permanece no solo.


Segundo o Geógrafo Rodolfo de Oliveira Souza especialista no assunto e que batizou a região de "PLANALTO DA NEVE" a área de 30 mil Km² que fica entre a Serra Gaúcha e a Serra Catarinense em levantamento e estudo que durou 30 anos(décadas de 60, 70 e 80),diz que as pessoas subestimam o fenômeno ocorrido na Região que costuma causas grandes problemas, entre eles o fechamento de estradas.


O especialista e geógrafo Rodolfo diz que na Região de São Joaquim neva mais por exemplo que na Sibéria de clima muito mais seco, dando em torno de uma média de 23cm de espessura de neve ao ano, única diferença outras regiões do mundo é que em São Joaquim a neve não se acumula no solo, ela logo se derrete.

Vídeo da Reportagem sobre o Planalto da Neve do Globo Repórter 24/08/2012

FONTE: http://g1.globo.com/globo-reporter/

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